Todos os anos, durante o mês de Janeiro, assistimos, brutalmente, a uma alteração da paisagem urbana – a poda das árvores ornamentais. Esta técnica, infelizmente generalizada pelo país inteiro e executada por funcionários públicos, tem sido uma das principais responsáveis pelo envelhecimento, e imagem decadente, dos espaços verdes em geral, não sendo excepção no nosso concelho. Esta poda drástica e brutal das árvores, é tecnicamente designada de “Rolagem” (corte de ramos com diâmetro superior a 8 cm, reduzindo a árvore aos ramos estruturais).
O contexto desta situação é fácil de entender (mas não de aceitar): a maioria dos trabalhadores, recrutados para esta operação, são oriundos do meio rural e com experiência da actividade agrícola, onde a poda das árvores fruteiras é uma técnica cultural frequente. Dado que o objectivo, em fruticultura, é obter o máximo de produção de fruto, a condução da árvore é feita de modo a reduzir a produção de matéria lenhosa, canalizando todas as reservas para a produção de fruto. Por outro lado, a redução da dimensão da árvore e do volume de copa, facilita as operações de aplicação de tratamentos fitossanitários e de recolha dos frutos.
Em meio urbano, o objectivo cultural da árvore é muito diferente. A produção de fruto é apenas uma consequência do ciclo vegetativo. O interesse da árvore ornamental reside, essencialmente, nas suas características fisiológicas (folha perene/folha caduca) e morfológicas (porte, configuração da copa, textura do tronco, coloração e morfologia das folhas, cor e época de floração). A árvore ornamental contribui, para a qualidade de vida urbana, desempenhando um papel:
• social – ao proporcionar situações de lazer e recreio em parques e jardins;
• ecológico - atenua os níveis de ruído, retem as poeiras e microorganismos em suspensão e reduz os níveis de dióxido de carbono.
• cultural – cria situações especifícas de referência na paisagem urbana.
Só árvores saudáveis, de fuste (tronco) bem desenvolvido e copa bem estruturada, cumprem eficazmente estes objectivos, e não, seres vegetais atarracados e mutilados.
Muitas das razões apontadas para a necessidade de rolar (evitar que os ramos entrem pelas janelas, reduzir a libertação de resinas e polens que provocam alergias, etc.), são decorrentes duma incorrecta escolha e localização das espécies. Daí, a pertinência de, eleger espécies que estejam bem adaptadas à situação de plantação, para evitar que, mais tarde, sejam mutiladas, apenas porque são inadequadas ao local.
A forma correcta de podar uma árvore ornamental, depende da espécie e da sua aplicação. Pode ser de dois tipos:
- poda de condução: utilizada nos primeiros anos de vida, para elevação da copa (para pemitir a circulação de peões e automóveis sob a árvore);
- poda de manutenção: de 5 em 5 anos, para reduzir a densidade de ramagem (diferente de reduzir o volume de copa).
Algumas das principais consequências de rolar as árvores, permitem-nos perceber a gravidade desta operação:
a) Choque térmico – os ramos exteriores protegem os ramos interiores de queimaduras solares, e os interiores garantem o equilíbrio fisiológico da árvore. Se estes forem eliminados, este equilíbrio é alterado e a árvore fica drásticamente exposta às condições climatéricas.
b) Aspecto desfigurado – a poda altera o porte e o aspecto natural da árvore, tipificando a sua imagem. As diferentes espécies possuem todas a mesma configuração, perdendo-se parte do seu interesse ornamental.
c) Deficiência nutritiva – a eliminação completa da copa reduz o equilíbrio sistema radicular/copa, anulando temporiarmente a capacidade da árvore se auto-alimentar.
d) Falso vigor – dado que se reduziu o volume da árvore, o mesmo número de gomos foliares distribuem-se numa área menor, dando a ilusão de que a árvore rebenta com mais vigor.
e) Pragas e doenças – a dimensão do corte dificulta a cicatrização, ficando a ferida exposta e vulnerável aos ataques de insectos e fungos.
f) Fragilidade dos ramos novos – os novos rebentos surgem nas superfícies de corte, pelo que não possuem uma inserção normal no ramo. Apresentam pouca resistência mecânica e estão sujeitos a desenvolver podridões.
g) Custos – as manutenções tornam-se cada vez mais frequentes e onerosas, na tentativa de evitar a decrepitude precoce da árvore.
h) Morte – algumas espécies não resistem a este tipo de operações, acabando por morrerem, com custos de remoção e substituição.
É preciso entender que o objectivo cultural duma árvore ornamental, não é, definitivamente, o mesmo duma árvore de cultivo, e como tal, o planeamento da plantação e a escolha das técnicas de manutenção, devem ser cuidadosamente adaptados ao objectivo.
O contexto desta situação é fácil de entender (mas não de aceitar): a maioria dos trabalhadores, recrutados para esta operação, são oriundos do meio rural e com experiência da actividade agrícola, onde a poda das árvores fruteiras é uma técnica cultural frequente. Dado que o objectivo, em fruticultura, é obter o máximo de produção de fruto, a condução da árvore é feita de modo a reduzir a produção de matéria lenhosa, canalizando todas as reservas para a produção de fruto. Por outro lado, a redução da dimensão da árvore e do volume de copa, facilita as operações de aplicação de tratamentos fitossanitários e de recolha dos frutos.
Em meio urbano, o objectivo cultural da árvore é muito diferente. A produção de fruto é apenas uma consequência do ciclo vegetativo. O interesse da árvore ornamental reside, essencialmente, nas suas características fisiológicas (folha perene/folha caduca) e morfológicas (porte, configuração da copa, textura do tronco, coloração e morfologia das folhas, cor e época de floração). A árvore ornamental contribui, para a qualidade de vida urbana, desempenhando um papel:
• social – ao proporcionar situações de lazer e recreio em parques e jardins;
• ecológico - atenua os níveis de ruído, retem as poeiras e microorganismos em suspensão e reduz os níveis de dióxido de carbono.
• cultural – cria situações especifícas de referência na paisagem urbana.
Só árvores saudáveis, de fuste (tronco) bem desenvolvido e copa bem estruturada, cumprem eficazmente estes objectivos, e não, seres vegetais atarracados e mutilados.
Muitas das razões apontadas para a necessidade de rolar (evitar que os ramos entrem pelas janelas, reduzir a libertação de resinas e polens que provocam alergias, etc.), são decorrentes duma incorrecta escolha e localização das espécies. Daí, a pertinência de, eleger espécies que estejam bem adaptadas à situação de plantação, para evitar que, mais tarde, sejam mutiladas, apenas porque são inadequadas ao local.
A forma correcta de podar uma árvore ornamental, depende da espécie e da sua aplicação. Pode ser de dois tipos:
- poda de condução: utilizada nos primeiros anos de vida, para elevação da copa (para pemitir a circulação de peões e automóveis sob a árvore);
- poda de manutenção: de 5 em 5 anos, para reduzir a densidade de ramagem (diferente de reduzir o volume de copa).
Algumas das principais consequências de rolar as árvores, permitem-nos perceber a gravidade desta operação:
a) Choque térmico – os ramos exteriores protegem os ramos interiores de queimaduras solares, e os interiores garantem o equilíbrio fisiológico da árvore. Se estes forem eliminados, este equilíbrio é alterado e a árvore fica drásticamente exposta às condições climatéricas.
b) Aspecto desfigurado – a poda altera o porte e o aspecto natural da árvore, tipificando a sua imagem. As diferentes espécies possuem todas a mesma configuração, perdendo-se parte do seu interesse ornamental.
c) Deficiência nutritiva – a eliminação completa da copa reduz o equilíbrio sistema radicular/copa, anulando temporiarmente a capacidade da árvore se auto-alimentar.
d) Falso vigor – dado que se reduziu o volume da árvore, o mesmo número de gomos foliares distribuem-se numa área menor, dando a ilusão de que a árvore rebenta com mais vigor.
e) Pragas e doenças – a dimensão do corte dificulta a cicatrização, ficando a ferida exposta e vulnerável aos ataques de insectos e fungos.
f) Fragilidade dos ramos novos – os novos rebentos surgem nas superfícies de corte, pelo que não possuem uma inserção normal no ramo. Apresentam pouca resistência mecânica e estão sujeitos a desenvolver podridões.
g) Custos – as manutenções tornam-se cada vez mais frequentes e onerosas, na tentativa de evitar a decrepitude precoce da árvore.
h) Morte – algumas espécies não resistem a este tipo de operações, acabando por morrerem, com custos de remoção e substituição.
É preciso entender que o objectivo cultural duma árvore ornamental, não é, definitivamente, o mesmo duma árvore de cultivo, e como tal, o planeamento da plantação e a escolha das técnicas de manutenção, devem ser cuidadosamente adaptados ao objectivo.
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